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O verde, o amarelo, a alegria, as buzinas, bandeiras e faixas. A bola rolando. Tudo isso estava fazendo falta para que pudéssemos nos convencer que, de fato, haveria uma Copa do Mundo no nosso país. Nas últimas semanas, pelo menos na cidade de São Paulo, o cinza ainda era a cor que predominava. O cinza dos prédios, dos ternos, das ruas, dos carros. O cinza paulistano de sempre – salvo alguns belos fins de tarde alaranjados.
Talvez por ser aqui, no quintal de casa, esse Mundial não tenha trazido ao povo a mesma ansiedade que os outros. Até porque muito do que foi publicado por nós, jornalistas em geral, bastante gente já sabia ou não mudaria nada para elas saber. Não foi despertada aquela curiosidade de conhecer o que se come em determinado lugar, qual língua se fala, como as pessoas de lá, do outro lado do mundo – ou simplesmente do muro, sentem a Copa. É o Brasil, estamos carecas de saber o que se passa por essas bandas. O gringo estava e ainda está curioso, nós não.
As notícias ao longo desse processo de receber o torneio também não foram das mais animadoras. O que antes era “problema” dos outros (organização, estádios, exigências da FIFA e tudo mais) virou nosso problema. E não foram poucos os problemas. Além disso, para completar, várias coisas sobre a Copa aconteceram sem que a Copa realmente começasse. Lesões, viagens, treinos, as gloriosas selfies. Um bombardeio de informações que nos cansou, tornou os dias mais longos, a espera pela estreia mais demorada.
E acredito que, como consequência de todos esses fatores, acabou faltando mesmo o tal clima de Copa do Mundo. Mas ainda havia tempo. Confesso que, na quarta-feira pela manhã, ou seja, aos quarenta e um minutos do segundo tempo, o tal clima de Copa apareceu para mim. No caminho para o trabalho, uma família de equatorianos, todos com a camisa da Tricolor, tentavam se achar na Linha Amarela do Metrô. Logo depois, na hora do almoço, dois espanhóis, aparentemente perdidos, andavam pela região da Berrini, na Zona Sul da capital, com bandeiras da Fúria amarradas ao corpo. E isso tudo foi muito legal. Me trouxe a sensação de que estávamos, paulistanos e brasileiros, por receber algo importante. E estamos mesmo. Afinal, há poucas coisas mais importantes na vida do que a Copa. A gente espera quatro anos por ela e, quando ela chega, não dá pra tratar com indiferença.
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Na ida ao trabalho ontem, quinta-feira, desde o prédio até a chegada ao meu destino final pude ver uma imensidão de cores e adereços. Verdes, amarelos, vermelhos, azuis, perucas. Na volta para casa, já passando das 22h, camisas da seleção brasileira no trem. Mais perucas. Um homem com a camisa da Colômbia e uma mulher – com um calor danado diga-se de passagem – vestindo orgulhosamente uma blusa com a bandeira de Honduras.
Agora sim o clima tomou conta. Pelo menos a cidade de São Paulo, depois desse 12 de junho, deixará por um tempo de ser tão cinza para se tornar minimamente colorida até 13 de julho. E tudo isso graças à bola, que enfim rolou, desfilou pelo gramado e estufou as redes. Tudo isso estava faltando. Agora não falta mais.
De um brasileiro que não é pacheco,
Bruno Rodrigues