Corinthians e São Paulo fizeram um clássico com todos os ingredientes necessários para deixar o domingo à altura do Majestoso. Um sol para cada um dos 30 mil torcedores que encheram o Pacaembu já daria um devido tom de espetáculo ao clássico. Mas as torcidas não se contentaram e fizeram festa como há muito não se via em um clássico lotado. Os jogadores corresponderam e a tarde com cinco gols e vitória tricolor, decidiram os deuses da bola, não acaba hoje.
O gol de Rodrigo Caio, dando a redenção ao seu parceiro Antônio Carlos e seus dois gols contra, foi apenas o terceiro de uma sequência que continua na próxima rodada. Queiram chamar de sorte, azar ou regulamento ruim, o fato é que o São Paulo, dez anos depois, volta a ter o destino corinthiano em suas mãos no Paulistão. Por conta de um regulamento inovador – chamemos assim para que eu não me alongue sobre o tema – e o Corinthians não depende só dele para ir à próxima fase. Depende, entre outros, do seu carrasco nesse ensolarado domingo.
Se a torcida tricolor vibrou, e muito, com a rede balançada por Rodrigo e o fim do jejum em clássicos após doze jogos e mais de um ano, o senhor Del Nero e sua companhia limitada deram agora a dúvida ao são-paulino: se Ganso voltar a jogar bem, se Luis Fabiano voltar a marcar, se o time voltar a mostrar poder de contra-ataque, se o time voltar a vencer, pode na verdade ser uma derrota no que tange a ajuda ao Corinthians. Pois o São Paulo encara o Ituano, dois pontos na frente do Timão, em jogo decisivo para os alvinegros.
Cruel o destino de um São Paulo que encarou de frente e cabeça erguida um Pacaembu lotado e infernal. Que soube aproveitar o medo imposto pelo recuo desnecessário de Mano Menezes e, buscando a vitória, foi contemplado com aquilo que quis o tempo todo, enquanto assistiu um adversário que em muitos momentos se contentou com a manutenção do placar.
Depois de algumas turbulências no começo da temporada, os dois times parecem se acertar. Ao Corinthians faltou a criação de Jadson e um pouco de sorte. Renato Augusto não foi sombra do que é o camisa 10 e, quando parecia estar perto do terceiro gol, o Timão perdeu Guerrero em lance que trouxe a campo a mensagem dos deuses do futebol. Embaralharam tudo.
O São Paulo que venceu o Corinthians agora será a mão amiga se passar por cima do Ituano. O Corinthians que perdeu o clássico teve levada também a chance de depender só de si mesmo. Dez anos depois do gol são-paulino de Grafite que livrou o Corinthians de uma fria, o destino de ambos volta a se cruzar.
O futebol é mágico, amigos, e até um regulamento fadado ao fracasso absoluto dá suas reviravoltas para ficar fascinante quando menos se espera.
Foto de Rubens Chiri/saopaulofc.net.